terça-feira, novembro 15, 2005

O meu primeiro pretendente e a mudança...


Depois desse episódio anterior, penso que a minha irmã se apercebeu que eu estava apanhada pelo rapaz, a quem ela por acaso nem ligava nenhuma, pois ele não era o género dela.
Um dia eu e a minha irmã fomos à mercearia comprar coisas para a minha mãe. No caminho de regresso a casa, o filho de um amigo do meu pai abeirou-se de nós e, para meu espanto, não era com a minha irmã que ele queria falar mas sim comigo. Fiquei tão encabulada, tão vermelha e tão assustada, que ainda hoje me dá riso quando penso nessa situação. Ele dirigiu-se a mim e disse: "..."Queres namorar comigo? Tens uns olhos tão transparentes aos meus (!?) que os meus parecem ser teus e teus parecem ser meus." O meu peito pulava de vergonha, ai que me ia dando uma coisa! E logo a minha irmã a ouvir! Já sabia que ela ia contar em casa e todos se iam rir das palavras do rapaz. Só me apetecia correr, fugir ... e foi o que fiz. Desatei a correr e só parei ao lado da minha mãe, assustada. E não é que o rapaz também entrou?! Ele há cada um! Corri escadas acima e fechei-me no quarto.
Para a minha família foi um teatro pegado! Só a chegada do meu pai conseguiu pôr fim àquela situação, que eu achei ridícula e os meus irmãos se deliciaram, até a minha mãe se fartou de rir daquele pateta. Decididamente detestei o rapaz. Acho que ainda hoje não gosto dele pela vergonha que me fez passar.

Comecei a adorar a vida de solteirona(!). Com 16 anos não tinha ainda namorado e achava isso bom. Era uma maçada ter de sair sempre com a trela, gostava de ser livre!
Um dia combinámos ir ao cinema ver um filme que me apaixonou, e que mudou a minha maneira de pensar em relação aos rapazes. Foi "A Vida é Sempre Igual", de Júlio Iglésias. Ai como eu gostei daquele paraíso, como ele falava lindo para aquelas lindas mulheres, tudo era belo naquele filme.

Comecei a entrar na paranóia típica de adolescente: que era feia (eis-me a fazer promessas aos santos para não ser tão feia e começar a ficar bonita), que tinha espinhas, enfim! Chorava muito porque me achava feia. Nada para mim era importante pois não ia conseguir ser como aquelas belas mulheres, a quem o Júlio cantava musicas divinas! Ainda hoje tenho pena de mim e da angústia que isso me provocou... Mas como sou por natureza uma rapariga pronta para a luta lá consegui dar a volta. Sem o meu pai saber, resolvi tar o cabelo "à moda", deixei de usar tranças, e comecei a esticar o cabelo, porque na altura se usavam os cabelos muito lisos. Algumas vezes cheguei mesmo a passar o cabelo a ferro sem a minha mãe ver(!). Comecei a usar saias super curtas, e comecei a ficar uma gracinha. Acho que devia estar mesmo a ficar bonita, pois passaram a ser tantos os rapazes a querer disputar a minha atenção, que eu nem sabia o que fazer. Por essa altura não se usava telefonar, mas eram cartas, recados e bilhetes, por todo o lado. Era o centro das atenções de todos os rapazes!
Quando tinha 18 anos, mudámos de casa (e de freguesia). Achei que os pais não deviam ter feito isso, pois não pensaram nas raízes que tinhamos criadas. Foi aterrador ter de me separar dos amigos, adaptar-me a uma terra nova, gente diferente. Não gostei nada, sofri bastante e não me consegui adaptar. A minha mãe sabia que eu não gostava de morar ali, mas filho nessa altura tinha lá voz!!!