sexta-feira, janeiro 27, 2006

O casamento da minha irmã

Image Hosted by ImageShack.us

Chegados os meus 16 anos, comecei a detestar a vida que levava, e a não aguentar, mesmo. Deixei de achar graça a tudo dos meus 16 aos 18 anos foi um tempo muito aborrecido . Aquela não era, de todo a vida que queria para mim.
Os meus pais eram agricultores, pelo que claro que não nos era permitido sair de casa, excepto ao domingo. É verdade que as minhas amigas iam para lá fazer-me companhia e divertiamos-nos mas não igual a poder sair como elas faziam, mas elas podiam sair e eu não, essa é que era a verdade que me atormentava. Vestia de uma forma simples porque estava em casa e isso aos meus olhos era um problema,não estudava o que me deixava muito triste e aborrecida nunca mais chegava a maior idade para poder decidir e ir estudar, sair e poder vestir as minhas roupas bonitas, pois a mãe não deixava naquele tempo.
Que raio de vida aquela! Só sair aos domingos para dar um passeio e o resto do meu tempo todo passado em casa ou pelos campos, isso teve um ponto positivo, vi nascer quase todos os animais que existem por cá desde ratos cobras pássaros e tinha um jardim meu que era cuidado só por mim!Mas sair de casa é que nada! Qualquer saída que fizesse de casa tinha como limite o portão! Confesso que isso me tornou uma rapariga revoltada considerava-me uma prisioneira.
Eu já não era um mar de afectos. Era mesmo um pouco agressiva, mas esta situação persistente piorou ainda mais as coisas... Tentei que a minha tia, de quem eu gostava muito, me levasse para a casa dela, e ela acedia ao meu pedido, mas era preciso a aprovação do meu pai. Se a mãe deixasse que eu fosse com a tia para a casa dela, quando meu pai chegasse e eu não estivesse em casa ele assim que pudesse, partia à desfilada para me ir buscar. Nunca estive fora de casa mais de 15 dias.

Chegou o dia do casamento da minha irmã mais velha . Foi uma festa de arromba, com o almoço de casamento a ser feito lá em casa. Aquela azáfama da preparação do casamento foi algo que me fez vibrar de alegria, eram tantas pessoas a trabalhar lá! O almoço de casamento foi num celeiro, que foi todo enfeitado para a ocasião:com arcos feitos de hera e camélias vermelhas, no tecto cestas da vindima cheias de flores e trepadeiras. Todas as mesas tinham ramos de flores pregados nas toalhas, as paredes estavam todas forradas com lenços tradicionais do Minho e com apetrechos da agricultura.O Nosso celeiro ficou transformado num grande salão, tão lindo, tão fantástico, nunca tinha visto nada igual. Os convidados eram aí uns 150, o que para aquele tempo era um grande casamento. Ainda me lembro que o cortejo devia ter aí uns 70 automóveis. O pai contratou cozinheiros e serventes de mesa, e mandou matar animais de casa para o repasto. Foi tudo feito em casa, excepto o bolo de noiva.
A minha irmã ia uma noiva muito bonita bem como a minha mãe. Também as minhas irmãs pareciam princesas. Eu, como sempre, tinha de me vestir aos meus gostos, o meu vestido foi desenhado por mim, ficou muito bonito. Eu sentia-me muito bonita também ... mas o meu vestido era curto demais, o que mereceu a reprovação de algumas tias e da avó "Cazemira". Levei o cabelo preso, que a cabeleireira tinha enchido de laca e manchado de castanho e branco. Eu achei giro apesar de alguns familiares terem dito que era exagerado, mas eu sentia-me muito bonita.
A festa foi muito bonita, com tudo tudo feito em casa, digo tudo até as roupas vestido de noiva inclusivé,havia modista que ia para lá todas as semanas, mas nessa altura montou atlier lá na nossa casa, toda aquela azáfama era uma alegria. Durante 8 dias não se fez mais nada senão arranjar os enfeites para a festa. Foi tudo divinal, eu adorei.
O casamento foi numa capela na serra da Falperra, até nisso a minha irmã primou pelo bom gosto. Foi o casamento mais lindo que vi até hoje, e já fui a muitos. No final da festa, quando a minha irmã se foi embora, eu senti-me tão sozinha fiquei tão desolada chorei a noite toda ... Custou muito ver a minha irmã partir, primeiro para a lua de mel, depois do regresso da lua de mel,já não era igual ela estava diferente, parecia-me uma estranha chegou deu beijos e abraços a todos trouxe prendas, lanchou e foi embora para a casa dela,era uma vivenda pequenina muito arranjadinha e bonita, para mim foi um desalento sentir que a minha irmã não ia dormir mais connosco e dividir as nossas brincadeiras noturnas.E não iamos partilhar mais os nossos segredos, ela chegou das luas de mel e não contou nada do que se tinha passado com ela, era quase só o meu cunhado que falava por ela...