Eu me confesso, por vezes bruta, por vezes doce como mel, por vezes malcriada, por vezes de uma humildade peréne, por vezes de modos grosseiros, por outras delicada como uma flor, nem sempre os princípios justificam os fins ...a quem a vida ensinou a resignar-se, e que aquilo a que os outros chamam uma derrota por vezes, não o é, é apenas uma mudança estratégia.
terça-feira, julho 26, 2005
Sózinha com a minha avó - a minha heroína
2 aninhos e meio
Aos meus 3 anos os meus pais foram acampar para outras bandas. Claro, eu, menina da avó, fiquei com ela. Isso é que era bom ir com eles. Já existiam mais um irmão, e logo rapaz, que a minha mãe adorava. Aquele "intruso", que me veio tirar todo o conforto de menininha mimadinha! Passei logo a ser grande quando ele nasceu, e lá se foi o exclusivo de bebé. Assim sendo, melhor ficar no conforto e consolo da minha amada avó. E fiquei.
Ai, como recordo aquele carinho a que fui exposta, ai que saudades sinto daquela querida velhinha, daquele tesouro do meu coração. Dormia enrolada nela, vivia agarrada a ela, era o meu grande e único amor. Como eu amava a minha avó Rosinha! Passados muitos e muitos anos desde que ela partiu e ainda sinto o rosto dela encostado ao meu!
Sozinha com a minha avó, aconteceram coisas terríveis. Um dia, não sei porquê, peguei numa lanterna a petróleo, e fui chamar a minha avó. Sei lá como, virei a lanterna, o petróleo caiu sobre a minha roupa e acabou por se incendiar. Fiquei com a roupa a arder, mas a minha avó lá conseguiu apagar as chamas que, felizmente, não tiveram consequências muito graves.
Numa outra vez, estava com ela junto de um tanque de água. A minha avó, ocupada com as suas tarefas, descuidou-se um pouco, e eu, menina traquina, caí ao tanque. Lá teve ela de me salvar de novo, tirando-me do tanque com um ancinho. Nessa altura teria os meus 4 aninhos, mas lembro-me bem de tudo isto.
Um outro dia, outro salvamento. Brincava eu com a filha de um médico muito famoso, e a peste da rapariga (digo eu agora) tinha uma galinha em celulóide que, de cada vez que ela a agachava, punha um ovo. A maluca acabou por se lembrar de me tentar pôr a fazer como a galinha. Desatou a empurrar-me, para que me agachasse e, uma vez agachada, puxava-me o cabelo, a ver se punha o ovo. Gritei tão alto pela minha avó, que ela invadiu os aposentos do médico, pegou-me no colo e disse à pestinha: "Ora menina, vá fazer isso com a sua mamã!". Lá fui salva, mais uma vez, pelos grandes braços da minha heroína. Teria, então, os meus 5 anos.
Beijos, depois conto mais.