quarta-feira, agosto 17, 2005

A dor da separação




Olá, cá estou para contar mais um pouquinho sobre mim.
A partir dos meus 6 anitos as coisas começaram a complicar para mim embora eu nada percebesse. Tinha a minha avó e o resto era paisagem. Mas não foi assim. Eu vivia com a minha avó e duas tias que eu adorava e que muito me mimavam e vivia cheia de carinho, afectos e protecção. A partir dessa idade as minhas tias casaram, uma delas a que eu mais amava, foi bastante doloroso deixar de a ter presente. Ela era muito bonita e muito boa para mim. A outra também mas eu recordo mais esta. Ela casou, foi para outra casa, deixando a de minha avó. Dentro da minha cabecinha infantil não percebi porque a minha tia se foi embora e eu e a minha avó tínhamos de ficar, mas foi o que aconteceu.
Depois foi desastroso para mim e para a minha protectora, pois a porra de uma tia, de pêlos nas pernas e barba como um homem, foi para lá para casa. O raio da mulher ( que Deus me perdoe) não nos dava paz pois passou a dar ordens á minha avó: Mãezinha faça isto Mãezinha faça aquilo, não nos dava tréguas e roubava-me a minha avó. Passei a só ter o exclusivo de noite. Na hora de dormir, aí sim, ela era minha.
Porque não nos vamos embora para a casa da tia perguntava eu à avó! O pior é que contaram ao meu pai o que se estava a passar, e logo deu bronca da pesada.
O pai foi ter com a avó para requisitar o legado dele, a filha, mas eu não queria ir com ele. Chorei muito muito, abraçada ao pescoço da minha querida e amada avó, e não fui. Ele não me levou, fiquei contente mas amedrontada. Pedia insistentemente à avó para irmos para a casa da tia pois eu temia a tia das pernas peludas e temia a decisão do meu pai.
Um dia, quando me levantei, vi a minha roupa numa mala. Perguntei-Porque está isto aqui vozinha?- ao que ela de imediato me respondeu: "Vais para a casa da tia .... Depois vou eu". Pois bem, não fiquei eufórica mas tínhamos de sair dali pois aquilo não corria bem era um martírio para a avó.
Saí pelo inicio da tarde, as duas sem palavras de mãos dadas. Eu teria 7 anos, só que alguma coisa não estava a correr bem pois o caminho não estava a ser o mesmo! Mas foi-me dito que por ali era mais perto.
Quando entramos numa rua que eu reconheci como sendo a Rua onde os meus pais e irmãos moravam, deu-se o caos eu gritei, supliquei, caí, abracei-me ao pescoço dela e fiz todas as pessoas virem à janela pelos meus gritos de dor.
Para a minha avó, uma senhora com os seus 65 anos, devia ter sido má esta situação, não sei. Muitos anos passados ainda hoje oiço e sinto os meus gritos e a minha dor... Ajudada por pessoas na rua, lá fui levada à força para a casa dos meus pais e irmãos onde me sentia uma estranha.